Sempre me lembro daquele momento.
Você pode conversar com estranhos até altas horas da noite.
Cada par de olhos parece estar pensando em algo.
As estrelas sob a figueira brilham impecáveis.
Após tantos anos, perdemos a capacidade de sermos românticos.
O olhar já não dança mais alegremente.
O calo no coração ganhou um peso pesado.
Não rimos mais descontroladamente por coisas tolas.
A lua brilha intensamente no topo dos salgueiros.
As luzes de néon visíveis enlouquecem sua mente.
Sob a treliça de crisântemos, não se vê a alma do encontro.
Corpos repousam na água da boate.
A força gravitacional da Terra é tão pesada.
Os dedos não alcançam as estrelas no céu.
A poeira e a névoa sufocam os sorrisos.
A desconfiança aprisiona a poeira flutuante.
Não reconhecer o estranho à nossa frente, mas ele já foi um velho amigo.
Nunca mais voltaremos para aquela noite.
Nunca mais voltaremos para aqueles tempos de dança alegre.
Nunca mais poderemos conversar com estranhos até altas horas da noite.
Mesmo que o estranho de então seja o você e eu de agora.